Comunidades Apaixonantes: A Maira Reis está criando um espaço seguro e sério debater pautas LGBTQIAP+

A Maira Reis é jornalista de formação, trabalhando por muitos anos com produção de conteúdo com foco especificamente no público LGBT+.

Ela começou a  escrever no LinkedIn, em 2016 e não parou mais. Em 2017, fundou a camaleao.co, uma startup de soluções de diversidade LGBT+ que ajuda as empresas nessa questão, em 2018, foi considerada uma das vozes mais relevantes de diversidade do país pela BuzzFeed Brasil, em 2019, foi eleita Top Voices pelo LinkedIn, como uma das pessoas que mais geraram debates na plataforma nesse ano e por aí vai. 

Além disso, ela publicou o seu Dicionário autoral LGBT+, recomendado pelo Ministério Público de São Paulo e já fez mais de 170 palestras sobre diversidade LGBTQIAP+ em empresas do Brasil e da América Latina, como: Natura, Ambev, Mercado Livre, PicPay, Avon, UnitedHealth Group (Amil), Airbnb, Microsoft, Merck, Electrolux e mais!

Hoje, a Maira fundou a sua primeira comunidade paga, a Pluralidades, um espaço seguro para você entender melhor sobre a comunidade LGBTQIAP+ mesmo que tenha medo e/ou fique com receio de falar errado. Um espaço para perguntar, compartilhar, trocar e fazer networking com pessoas que querem entender a definição e as necessidades da diversidade LGBTQIAP+.  

Conheça mais sobre a Pluralidades. 

01. Sobre o que é a sua comunidade em uma frase?

Ser um universo plural. 

Instagram/ Maira Reis

02. De onde surgiu a ideia do grupo e o que te motivou?


Eu trabalho com diversidade LGBTQIAP+ há muito tempo, desde de 2010, e eu sempre senti falta de um espaço seguro e de qualidade para tratar desse tema porque nas redes sociais tem muito ruído. Quando eu resolvi criar a comunidade a intenção era filtrar uma galera que estivesse procurando esse lugar com um certo entendimento prévio, para que pudéssemos evoluir no debate para além de coisas básicas. Sendo o mais importante a disposição delas em aprender mais sobre esse assunto, porque é uma jornada sem fim, estamos sempre nos atualizando e nos desenvolvendo. 

03. A Pluralidades é um espaço de aprendizado. Como foi o processo de criação dela? 


Eu sinto que o processo de criação da Pluralidades ainda não acabou porque por mais que eu tenha pensado três meses de conteúdo, em cima do que eu vejo de temas importantes, o meu maior foco é entender com os assinantes qual é a demanda deles. Vamos entrevistar pessoa por pessoa da comunidade para saber sobre o que eles querem falar, inseguranças, discutir mesmo. Então, não é uma construção exclusivamente minha, é um processo de criação totalmente coletivo. 

04. Linguagem neutra de gênero é um dos temas que você mais fala. Você acha que as pessoas entendem o porquê dela existir?

As pessoas acham que a linguagem de gênero é simplesmente a troca de uma letrinha que faz com que o português fique "estranho". Esse é o achismo que eu mais ouço mas, se pararmos para estudar sobre a linguagem neutra de gênero e seu significado, nós notamos que ela já está inclusa em outras linguagens, como libras e o próprio latim, e além disso que a sua pauta está associada com uma parte da população invisibilizada, que é a comunidade trans. Então quando essa comunidade traz essa demanda, ela é super questionada, nunca houve um espaço de direito de fato para essas pessoas. Então, mais do que adicionar uma letra, a gente deveria refletir sobre como nós nos comunicamos porque a linguagem é cheia de preconceitos e se alterar a gramática é algo tão nefasto assim, temos muitas outras formas de falarmos de forma mais plural e inclusiva. O debate não é sobre a linguagem neutra de gênero, o debate é sobre o quanto eu quero continuar sendo transfóbico. 

Instagram/ Maira Reis


05. O seu perfil tem muita visibilidade no LinkedIn. Para as empresas, fazer propaganda pride em datas comemorativas é o suficiente para a construção de um ambiente mais diverso e inclusivo?

A gente sabe que é muito difícil mudar a cultura de uma empresa que historicamente acobertou preconceitos, mas nós vemos muito claramente essa mesma empresa fazendo propaganda pride em datas comemorativas como se ela fosse a mais inclusiva do mundo. As contas não casam. Uma marca super LGBTfóbica fazer propaganda pride não desce, não dá pra achar que é suficiente. Quando existem políticas de diversidade e inclusão sérias dentro das empresas, elas não fazem mais do que a obrigação porque quem vai perder são elas se não tiver e eu não acho que elas mereçam qualquer palmas por isso. Além disso, não assegurar um espaço seguro para os seus próprios colaboradores pode configurar crime. 

Pra resumir: só fazer propaganda não é suficiente e políticas internas sérias de diversidade e inclusão são imprescindíveis na criação e manutenção de qualquer espaço minimamente seguro para os colaboradores. 

06. Vale à pena dialogar com uma pessoa preconceituosa? 

Hoje, depois de ter debatido muito em rede social, eu acho que vale até certo ponto. Eu aprendi a duras penas que não vale perder tempo com pessoas que não estão abertas a aprender e mudar. Então, quando as pessoas são preconceituosas e não estão abertas a discutir, eu não discuto, mas quando eu percebo que existe uma abertura eu debato com muitas perguntas para entender qual é a raiz, o ponto de conflito, nesses casos toda a discussão e opinião que não é criminosa, vale a pena.

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