Comunidades Apaixonantes: O Alê Garcia quer que os negros sejam donos das suas narrativas

O Alê Garcia é escritor, criador de conteúdo, palestrante, apresentador e publicitário. Apresentador no Omelete. Um dos 20 Creators Negros Mais Inovadores do País, segundo a Forbes. Negro da Semana, podcast e canal no YouTube que criou em 2019, foi selecionado para o único programa de desenvolvimento de creators do mundo, o YouPix Creators Boost.

Em 2021, lançou o podcast Drive Your Funky Soul, uma narrativa em treze episódios sobre a história da black music, e a comunidade de cultura negra casablack.

Como especialista em branding, content creation e estratégias multiplataformas, ele  trabalhou a comunicação de grandes marcas no Brasil, como Bradesco, Leroy Merlin, Baruel, Lojas Leader, JTI, P&G, entre outras. Atuando também, há mais de 16 anos, como diretor de criação e content & strategy lead, em lugares como o  Nubank, Artplan, Grupo ABC, Moma, Tribo Interactive, Ogilvy e etc. 

Se não bastasse, ainda é autor de livros como A sordidez das pequenas coisas (Não Editora),  finalista do Prêmio Jabuti e vencedor no Prêmio Clarice Lispector da Fundação Biblioteca Nacional. 

“A potencialização da cultura negra é meu trabalho e meu propósito. Nós, negros, precisamos ser donos de nossas narrativas.”

Sempre se incomodou com o fato: como nós, negros, somos mais de 55% da população e nossa representatividade é tão pífia, e a valorização de nossa cultura é tão subestimada? Como publicitário, sempre enfrentou lutas diárias por presença negra na comunicação. 

Por isso, criou a casablack para contar da maneira correta a história de negros que realizaram e realizam grandes feitos ao longo da história. Hoje, a casablack está lançando a sua primeira comunidade online. Vem conhecer!

Instagram/ Alê Garcia

01. Sobre o que é o seu grupo em uma frase?

A maior comunidade de cultura negra do Brasil.

02. De onde surgiu a ideia do grupo e o que te motivou?

A ideia do grupo surgiu de alguns motivos: primeiro por eu já estar fazendo a casablack há bastante tempo, de uma forma multicanal, entregando conteúdo em texto, podcast, vídeo...Além disso, publicando livros, palestrando, fazendo curadoria de diversidade para as empresas. Então, nasce a vontade de unificar tudo isso em um mesmo lugar. O segundo motivo é a insatisfação com as redes sociais que limitam a entrega desse conteúdo todo por causa dos algoritmos, sistemas muitas vezes racistas e inviabilizados para criar um espaço falso de alegria compartilhada. Nós ficamos refém dessa lógica e não conseguimos nos comunicar com quem precisaria receber o que produzimos. 

Instagram/ Alê Garcia

03. Como está sendo o processo de criação da comunidade? 


A comunidade é uma consequência natural da minha carreira, eu estou ramificado em muitos canais de conteúdo e me entendo como um agregador de linhas de pensamento e não como um influencer. Eu compartilho o que eu aprendo e também recebo sugestões de quem recebe esse conteúdo, o que já configura uma comunidade não formalizada em um lugar. Com esse pensamento, eu entendi que ter um lugar para unificar tudo isso seria fundamental. Por isso, o processo de criação da comunidade anda muito junto da manutenção da casablack: construir um espaço que receba conteúdos atemporais sobre a comunidade negra em pilares diversos. 

Eu estou organizando a comunidade com uma programação semanal e mensal, com formatos diversos. 

04. Por que uma comunidade sobre cultura negra? 


Porque nós precisamos ser donos das nossas narrativas. Tudo tem a ver com quem conta as histórias. Quando nós contamos sob o ponto de vista dos protagonistas, essa história chega de maneira não enviesada. Nós somos muito invisibilizados - nós negros - temos as nossas criações e contribuições minimizadas e usurpadas. A comunidade casablack é um lugar para potencializar as nossas vozes, ermos orgulho e inspirações. Muitas vezes, nós mesmos não sabemos como as nossas contribuições construíram e constroem o mundo, em diversos campos, muito além do esportivo - que é onde comumente nos encaixam. Além disso, não temos os negros sendo vistos pela mídia como pessoas normalizadas, que criam. Somos sempre colocados em nichos, do exotismo e do entretenimento. Uma comunidade sobre cultura negra mostra a nossa excelência. 

Instagram/ Alê Garcia

05. Você é extremamente talentoso e consegue navegar em áreas diferentes da produção de conteúdo com altíssima qualidade. Como você consegue fazer isso?

Esse é um traço da minha personalidade, eu sou assim desde muito novo: tenho essa capacidade de multitasking e múltiplos interesses. É uma ânsia que é mais forte do que eu. Eu estou lendo um livro, de olho na próxima série. É essa paixão que eu tenho por aquilo que eu consumo  que faz com que eu tenha muita vontade de contar pro outro. Por isso, tive que criar um sistema que me ajudasse a produzir os conteúdos de forma saudável: uma agenda de programação, entender como um conteúdo pode ser aproveitado em uma outra plataforma e ferramentas como o Trello e o Keep do Google. 


06. Você criou um sistema de marcas para compartilhar os seus produtos. Como ele funciona?

Quando eu consegui instituir a casablack, chamei um designer para construir a identidade visual (incluindo iconografia), o que me ajudou a organizar os pilares de conteúdo como submarcas abaixo do selo. Hoje eu tenho o perfil Alê Garcia, o Negro da Semana, o Drive for Funk Soul, perfis diversos que quando eu encaixei abaixo de casablack, melhorou a minha organização. Fora isso, tenho outras entregas como Alê Garcia para empresas, como a apresentação do Omelete. O contrário também acontece, quando eu produzo conteúdos fora desse sistema de marcas eu sempre tento incluir lá dentro. 

Esse tipo de sistema me situa e me permite navegar em outros projetos de forma coesa, projetos de responsabilidade social, eventos presenciais, consultorias, me permite criar e explorar novas possibilidades. 

Instagram/ Alê Garcia

07. Um objetivo que você gostaria de atingir. 

Eu quero crescer e me tornar uma autoridade para poder auxiliar uma próxima pessoa. O meu maior objetivo é conseguir mudar realidades sociais com a minha influência e projetos, trabalhando com grandes marcas. 


A Comunidade casablack está sendo lançada. Enquanto isso, conheça melhor o Alê Garcia em seu site e redes sociais.